domingo, 12 de janeiro de 2020

Carmezia e os Mundos Makuxi


Carmezia Emiliano é indígena Macuxi e vive em Roraima desde 1973, quando sua família migrou da República Cooperativa da Guyana para a aldeia Japó no município de Normandia-RR. Desde 1988 Carmezia reside em Boa Vista. (Clique nas imagens para ampliar).

Árvore da vida (2018)
O blog visitou sua mais recente exposição "Cosmologias - Mundos Macuxi", inaugurada em novembro de 2019 na galeria do Sesc Centro, em Boa Vista, reunindo 25 telas e quatro esculturas e que pode (e deve) ser apreciada até fevereiro deste ano com entrada gratuita, das 8 às 12h e das 14 às 18h.


Premiada quatro vezes pela Bienal de Arte Naif do Salão Sesc de Piracicaba - SP, Carmezia Emiliano soma vinte e sete anos de carreira nas artes e também recebeu o Prêmio Buriti da Amazônia de Preservação do Meio Ambiente, em 1996, na categoria revelação.

Fazendo panela de barro (2012)
Parixara (2000)

Em seu texto curatorial no folder da exposição, o também artista Macuxi Jaider Esbell nos revela que: "No lavrado, a casa de Carmezia, existem muitos lagos, fendas, fundos, passagens estreitas, secretas e mágicas. A entidade Carmezia mora nesses lagos, vive cheia de magia e fértil vive a se mudar, para lá e para cá... Universos são revelados em cada cena tratada, trabalhada, ritualizada, curada, energizada. Cada tela fala, canta, encanta, espanta, faz voltar a anta... Caminhos são deixados como pistas, raros convites para quem consegue ver, crer, perceber, receber, beber, beber, beber até vomitar de tanto prazer."
E pergunta: "Carmezia, sua arte é santa?"

 
O salão da exposição, todo em branco, destaca as cores das obras de Carmézia.

 


 

 

Em sentido horário: "Sem Título" (2014), "Disfiando agudão" (2015), "Bebe na tipoia" (2016), "Sem título" (1994), "As índias" (2010), e "Fazendo beju" (2015)


Em outro texto no folder da exposição, a poeta Eli Macuxi realça que: "O destaque que a artista dá, em sua obra, para mulheres como ela, chega a parecer uma militância... As mulheres de Carmezia estão em todas as atividades. Fiam, sozinhas ou em grupo. Coletam e carregam os frutos como o caju e a banana. Ralam a mandioca, preparam o beiju, pilam o milho, produzem a cerâmica. Aparecem pescando com os companheiros, ou no entorno, preparando a damurida..."
E finaliza a poeta: "Nenhum discurso das mulheres em suas assembleias poderia valorizar, de modo mais completo e persuasivo, a presença feminina para a manutenção das tradições indígenas".

  
Esculturas de Carmezia Emiliano (2019)

Pescador (2018)


Para finalizar, algumas páginas do livro "Visualidades", sobre a artista, organizado por Adriana Moreno e Elisangela Martins Macuxi, e editado pela EDUFRR em 2015.

 



Para conhecer outras obras de Carmezia Emiliano, e sua biografia, basta uma simples pesquisa na internet.

Aproveite a conexão e veja também:
Jaider Esbell - http://www.jaideresbell.com.br/site/

Texto e fotos da exposição - Paulo DeCarvalho